ETFs alavancados: um trampolim para ganhos maiores - e também para possíveis perdas
Você sabe o que é uma alavanca, né? É um objeto usado para multiplicar a força aplicada a um objeto. Um pequeno esforço pode, com uma alavanca, mover objetos pesados ou lançá-los bem longe.
Neste artigo, vamos falar de um tipo de investimento que usa esse mecanismo: os ETFs alavancados.
O que são os ETFs alavancados?
Agora, quando o ETF é alavancado, ele aumenta essa exposição – ampliando tanto os retornos, quanto as perdas. A extensão do ganho - ou da perda - depende do valor da alavancagem.
Vamos pegar como exemplo um ETF que segue o maior índice de ações dos EUA, o S&P 500. Se o S&P 500 sobe 5%, o ETF tradicional também dá um retorno de 5% – ou bem próximo disso. Se o índice cai 5%, o ETF também recua 5%.
Agora, se o ETF tem alavancagem 2X, a história é diferente. Quando o S&P sobe 5%, o ETF tem uma valorização de 10%. Que beleza, hein? Mas, cuidado, porque o inverso também vale: se o índice recua 5%, a cota do ETF cai 10%.

Ou seja: a alavancagem aumenta a exposição do investidor ao índice de referência, podendo levar tanto a ganhos, quanto a perdas expressivas.
ETFs alavancados e ETFs inversos
Ao mesmo tempo, a alavancagem também pode ser usada nos chamados ETFs inversos – sobre os quais já falamos aqui na Sproutfi.
Voltando ao mesmo exemplo: se o S&P 500 cai 10% e o ETF inverso atrelado ao índice tem alavancagem 2X, o investidor terá́ um retorno de 20%. Já se o índice subir 10%, a perda do investidor será de 20%.
Como funcionam os ETFs alavancados?
Mas, você pode estar se perguntando: como os ETFs conseguem aumentar essa exposição aos índices? A gente explica.
Os ETF alavancados usam os chamados derivativos – falamos sobre isso em outro artigo.
A principal estratégia de derivativos para esse “trampolim” nos retornos são os contratos de opções. Eles oferecem ao investidor o direito de compra e o direito de venda dos ativos durante um determinado período de tempo – em vez da obrigação de comprar ou vender.
São operações complexas, mas não se preocupe em entendê-las agora. O que você precisa saber é que elas funcionam como uma espécie de proteção – e que possibilitam essa exposição maior ao índice de referência.
Vantagens e riscos de ETFs alavancados
Como você viu acima, a alavancagem é uma via de mão dupla, porque pode turbinar tanto os lucros, como os prejuízos do investidor. O risco de perdas com ETFs alavancados é muito maior do que nos ETFs tradicionais. Por isso, o investidor deve avaliar essa relação risco x retorno com muita cautela.
Outro ponto que o investidor deve considerar, além do risco, é o custo. Por serem operações mais complexas e custosas, as taxas dos ETFs alavancadas são mais caras do que dos ETFs tradicionais. A taxa de administração média atual dessa modalidade é de 1,01% ao ano.
Além disso, os ETFs alavancados não são indicados como investimentos de longo prazo. Isso por causa da estrutura de alto risco e alto custo. Normalmente, são fundos usados para tirar proveito de um movimento de curto prazo.
Hoje, há no mercado americano 133 ETFs alavancados, com US$ 70,2 bilhões segundo a plataforma ETF.com. Vamos ver alguns deles:
ProShares UltraPro QQQ ($TQQQ)
Esse ETF oferece exposição 3X ao famoso índice Nasdaq 100, com as 100 maiores empresas não financeiras listadas na bolsa Nasdaq.
Se o índice sobe 10%, o investidor ganha 30%. Em caso de perdas, é a mesma proporção.
O ETF tem US$ 20,35 bilhões sob gestão, o maior da categoria. E taxa de administração de 0,95% ao ano.
ProShares UltraPro Short QQQ ($SQQQ)
Esse é um exemplo de ETF alavancado e inverso.
A alavancagem é de 3X sobre o índice Nasdaq 100. Se o índice cai 10%, o investidor ganha 30% – e vice-versa.
O ETF US$ 2,7 bilhões sob gestão. Taxa de administração de 0,95% ao ano.
Direxion Daily Semiconductor Bull 3X Shares ($SOXL)
Esse ETF tem alavancagem 3X sobre um índice com 30 empresas de semicondutores listadas nos Estados Unidos.
O ETF tem US$ 6,3 bilhões sob gestão. A taxa de administração é de 0,96% ao ano.