ETFs de commodities: como surfar no boom de preços

Com guerra entre Rússia e Ucrânia, matérias-primas negociadas em Bolsa alcançam maior valor desde 2008; entenda como o conflito mexe com esses ativos.
Commodities

Pra começar, o que são commodities?

Commodities são as chamadas matérias-primas – as principais mercadorias negociadas no planeta.

Elas têm pouca (ou nenhuma) industrialização e alta comercialização mundo afora, pois são a base para produção de alimentos, equipamentos, energia e por aí vai.

Alguns exemplos de commodities:

  • petróleo

  • gás natural

  • soja

  • milho

  • trigo

  • açúcar

  • café

  • minério de ferro

  • boi

  • metais preciosos

  • (e segue uma lista longa...)

Esses ativos são negociados diariamente no mercado financeiro, principalmente no mercado futuro.

Assim, ETFs de commodities são fundos, com cotas negociadas em bolsa, que replicam algum índice com commodities na composição. 

A pandemia, a guerra e o boom das commodities em 2022

As commodities vinham em alta desde o ano passado, ainda em meio à pandemia. Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a retomada econômica global – e, consequentemente, do consumo e da produção –, foi crescendo a demanda por matérias-primas. E aí, temos a regra básica do mercado: da procura e da oferta. Quanto maior a procura, maior o preço.

E a invasão russa na Ucrânia potencializou, fazendo os preços dispararem como nunca – e batendo níveis recorde. Isso porque tanto Rússia como Ucrânia são importantes produtores e exportadores de commodities.

A Rússia é o segundo maior exportador de petróleo do mundo. E é um gigante não só de petróleo, mas também de gás natural, do qual a Europa é extremamente dependente. A Alemanha, por exemplo, importa 50% do gás natural que consome da Rússia. A Itália, 15%.

Os países em guerra também são responsáveis por quase um terço da oferta global de trigo do mundo e quase 20% do milho comercializado no planeta.

Depois desse panorama, já dá pra imaginar o que aconteceu com os preços depois da invasão de Putin, né?

O índice S&P GSCI ($SPGSI), um amplo termômetro do preço das matérias-primas globais, disparou mais de 18% só nessa semana – e está no nível mais alto desde a crise de 2008. O barril de petróleo do tipo Brent, usado como referência, passou dos US$ 110, o maior valor em oito anos. Já o trigo bateu a maior cotação em 14 anos.  

Abaixo, fizemos pra você um levantamento da valorização das principais commodities em 2022, com dados da Bloomberg:

Fonte: SproutFi com dados da Bloomberg.

Como, para além da guerra, já estávamos num cenário de alta das commodities (já que são ativos cíclicos), especialistas apontam que produtos ligados a elas, como os ETFs, podem ser bons aliados nas carteiras, com alto potencial de valorização nesse momento.

Mas, atenção: commodities costumam ser ativos voláteis, pois são muito sensíveis a fatores econômicos e políticos, como é o caso do petróleo. Então, vale o cuidado redobrado.

ETFs de commodities

O mercado acionário americano tem 109 ETFs de commodities negociados em Bolsa, com US$ 159,3 bilhões sob gestão. A taxa de administração média é de 0,70% ao ano. Vamos ver alguns deles:

SPDR Gold Shares Trust ($GLD)

O maior ETF de commodities é o SPDR Gold Shares Trust GLD, com US$ 63,99 bilhões sob gestão. É um ETF de ouro – ativo muito procurado como porto-seguro em tempos de crise. Aliás, foi o primeiro a investir diretamente em ouro físico. A taxa de administração é de 0,40% ao ano. Em 2022, a valorização é de 9%.

Invesco DB Commodity Index Tracking ($DBC)

Segue um índice com 14 commodities da área de energia, metais e da agricultura. No ano, tem uma valorização de quase 30%. A taxa de administração é de 0,87% ao ano.

ProShares Ultra Bloomberg Crude Oil ($UCO)

Foi o ETF com maior valorização em 2021: 204,66%. Ele rende duas vezes o retorno diário de um índice de contrato futuro de petróleo, o WTI. Só em 2022, já dobrou de valor: uma alta de 101,33%.